Embora tenha tratamento gratuito e eficaz, sua incidência continua alta no Brasil
Descoberta em 1882 pelo bacteriologista alemão Robert Koch, a tuberculose é uma das doenças mais antigas do mundo. Um exemplo é que foram encontrados registros datados de 8.000 AC. Mas muito embora tenha cura, ainda se mantém entre as 10 principais causas de morte no mundo. São 10 milhões de casos por ano e mais de um milhão de óbitos. Por ocasião do Dia Nacional de Combate à Tuberculose (17 de novembro), a pneumologista do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), Marice Ashidani, alerta sobre a gravidade da doença e a preocupação com a sua alta incidência.
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, são registrados 200 novos casos de tuberculose por dia. O total de diagnósticos positivos em 2019 foi de 73.864. A dra. Marice afirma que as condições socioeconômicas contribuem para a ocorrência da doença, mas também estão no grupo de risco, pacientes diabéticos, alcoólatras e imunodeprimidos, como é o caso dos portadores de HIV, pessoas em tratamento de câncer, os que fazem uso de medicações com corticoides por períodos prolongados e os renais crônicos.
Tosse persistente por mais de três semanas, febre baixa e vespertina, e emagrecimento rápido estão entre os sintomas mais comuns e são um sinal de alerta para procurar o médico. “A tuberculose é uma doença infectocontagiosa, portanto de notificação compulsória, que afeta principalmente os pulmões, porém pode acometer outros órgãos, como os olhos, ossos e rins”, explica a dra. Marice.
A tuberculose é transmitida de pessoa para pessoa pela secreção respiratória contaminada pelo bacilo de Koch, presente na tosse, no espirro e nas gotículas de saliva expelidas pela fala, que pode ser inalada pelos contactantes.
“Temos de deixar para trás aquela ideia de isolar o paciente e separar talheres, copos, pratos e outros objetos de uso pessoal, porque esses cuidados não são necessários. Inclusive há pessoas que têm contato próximo com pacientes com tuberculose e não se contaminam. Os pacientes podem ser tratados em casa e não em dispensários como antigamente. A recomendação é seguir os cuidados de etiqueta respiratória, com o uso frequente da máscara”, orienta a especialista.
O diagnóstico é feito por meio de exame de escarro e raio X de tórax e, uma vez confirmada a doença, toda a medicação é cedida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A dra. Marice destaca, porém, que um dos grandes problemas é o paciente interromper o tratamento, que tem duração de seis meses.
“A melhora no quadro geral normalmente acontece bem antes de completados os seis meses, então muitos acham que já estão curados e abandonam o tratamento. Porém o bacilo, quando não é eliminado definitivamente, pode criar resistência, chegando ao ponto de a medicação não fazer mais efeito e a pessoa se tornar um paciente crônico”, enfatiza a pneumologista.
O Seconci-SP conta com pneumologistas e toda a estrutura laboratorial para realizar os exames e fechar o diagnóstico. “Se o resultado for positivo, o paciente é encaminhado para as unidades públicas de referência para fazer o tratamento, seguindo o protocolo determinado pelo Ministério da Saúde”, finaliza.
Fonte: Seconci-SP